A música pára .
Eu , ávida e serena no mesmo instinto
De correr o incerto e de divagar no sentimento ,
Procurei dentro de mim os objectivos de vida mais felizes .
Acordando para a realidade
Toquei no seio das minhas raízes
De sonhos , de metas e de tudo mais .
Vi que tinha mais do que momentos especiais
E que tinha menos que amigos para toda a vida .
Era a razão de todos os afectos pretendidos ,
De todos os caminhos com saída de emergência
Deleitados por uma menina que em tamanha adolescência
Se via num traço roto de solidão e de violência .
Saí desse caos nocturno feito de ilhas
Desertas , afundadas pelos maus dos oceanos nada pacíficos .
Peguei nas minhas pernas e coloquei.me a milhas .
Desses pesadelos que eram tudo menos objectivos humanos .
Seguindo de instinto e de afirmação ,
Fiz mais do que o próprio coração mandava ,
Chamando pela alma tão docemente consagrada ,
Pelos deuses fugazes e ao mesmo tempo tristes
Que se punham a declarar poemas para mim .
Digeria cada palavra como sendo um bafo de vapor gélido ,
Dissecado pelo frio das noites de outono ,
Infringido pela lei de não ser amada
Pelas coisas ao qual ainda hoje me questiono .
Fiz das solidões constantes a minha poesia .
Coloquei.me face a esse alicerce de amor
Que me arrancava de euforia e satisfação .
Onde se salientava tamanha a diversão
De me ver só e triste no mesmo vapor condensado .
Criei sonhos a mais , e realizações a menos ,
Mas vi que era normal ,
Pois quando somos pequenos
Tudo nos passa na ideia de sermos grandes ou gigantescos .
Deixei.me de depressões , de poemas grotescos
E inspirei.me em tumultuosos textos
De amor e perdição por ti e por seus afins .
Hoje , não só hoje , porque só agora manifesto
A ausência que em mim se manifestava e que me alegrava ,
Em que eu nem protestava ,
Porque sua companhia era o meu alento .
Mas quando a canção tocou
O vidro trespassou
Todo o caos da minha vida ancorado ,
Pelo fascínio de viver a vida
Sem pensar que afinal já tinha amado .
Pus.me de parte nesse lema negativo
E vi , que quem era realmente meu amigo
Era mais que esse degredo de jazigo ,
Chamado amor de alma e de forte abrigo .
Amor é mais do que isso .
Trespassa qualquer corpo e qualquer alma ,
Passa do espírito para a vida ,
Traz em torno da lua a cor mais colorida .
E quando a música soa no refrão
Lembrei.me então de escrever a vós ,
Coração ,
Que de tanto já me salvou
De tanta guerra honesta e encruzilhada ,
Pela vitória que para os outros não serviria de nada .
Valquíria sou eu , guerreira do meu lar ,
E escrevo.te hoje , deste meu doce jeito ,
Sem negar ,
Que sou imperfeita na perfeição de conseguir conquistar
Nesse teu mundo que num dia ,
À força , me tentou aprisionar
De uma vida que mais tarde posso vir a amar .
E se quem corre nesse céu mais triste sou eu ,
Que venham palavras ou meros textos comentar
Sobre esta pobre vida que assim cresceu ,
Que jamais esta alma podem roubar .
Não importa quem seja o célebre conquistador ,
Nesta alma só tenho é trabalho , pensamentos e amor .
E se a batalha acabou e eu continuo por aqui ,
É porque sou forte e levo a vida até ao fim .